De acordo com informações do Jornal O Globo, publicadas na tarde de hoje (10/02/2022), a administradora do Aeroporto RIOgaleão, Changi, decidiu que irá devolver o terminal ao Governo Federal.
A decisão parece ter vindo após a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) ter negado, no início deste mês, o pedido de reequilíbrio financeiro do aeroporto. Changi Airports, empresa que também administra o Aeroporto de Singapura, calcula que o RIOgaleão já tenha dado cerca de R$ 7,5 bilhões em prejuízo desde o início da pandemia. A tentativa era de abater essas perdas das outorgas a serem pagas até o fim do contrato, em 2039.
A concorrência, não só com o Aeroporto Santos Dumont (SDU), mas também com os Aeroportos de Guarulhos, Viracopos (Campinas) e Confins (BH) é um dos pontos que leva à difícil recuperação do tradicional Aeroporto RIOgaleão frente à pandemia do novo coronavírus.
Em uma matéria publicada por O Globo em outubro do ano passado, já era possível afirmar que o Santos Dumont concentrava 67% da oferta de voos na terminal Rio. Isso porque sabendo da preferência dos passageiros por um aeroporto mais central e de mais fácil acesso, as empresas aéreas optaram por concentrar os voos no SDU.
Alguns especialistas do setor, bem como o próprio prefeito Eduardo Paes, já defenderam que houvesse uma coordenação entre os dois aeroportos, intermediada pela ANAC. Em Belo Horizonte, por exemplo, determinou-se que o Aeroporto da Pampulha fosse dedicado à aviação executiva, para que não fossem retirados voos do Aeroporto de Confins.
A proposta apresentada à Agência era de que o SDU ficasse restrito a voos regionais (até 500 km de distância e Brasília). A ANAC, por outro lado, já deixou claro que é à favor do livre mercado e contrária a este tipo de coordenação.
Em meio a tudo isso, temos ainda a concessão do SDU à iniciativa privada, que deve acontecer ainda este ano, o que também está pesando bastante na decisão de Changi. Essa concessão, inclusive, tem dado o que falar. Recentemente publicamos aqui a notícia de que o SDU deixou de fazer parte de um bloco de aeroportos a serem concedidos e será leiloado de forma isolada.
De acordo com O Globo, a saída de Changi deve acontecer de forma gradual e já há quem especule que o Governo Federal possa, agora, juntar os dois aeroportos do Rio em um único bloco a ser concedido.
Changi venceu a concessão do Galeão como parceira minoritária da Odebrecht e da Infraero. Em 2017, em meio aos escândalos da Lava Jato, a Odebrecht vendeu a sua fatia para a Changi, que passou a deter 51% do aeroporto. A Infraero é dona dos outros 49%.
Uma tristeza ver os aeroportos de Natal, Viracopos e agora RIOgaleão estarem passando por essa situação. Cada um com seus motivos específicos, porém nos mostrando o quanto a evolução do modelo de concessões no Brasil é necessária, já que os três aeroportos foram alguns dos primeiros a serem concedidos. O modelo já sofreu várias alterações ao longo dos últimos anos como, por exemplo, a extinção da participação da INFRAERO nos contratos.
Atualização – Informações do RIOgaleão:
Após a divulgação da matéria do Jornal O Globo, recebemos o seguinte release do RIOgaleão.
O RIOgaleão, que opera o Aeroporto Internacional Tom Jobim (GIG), apresentou às autoridades federais o pedido de relicitação da concessão aeroportuária, conforme previsto na Lei nº 13.448 de 5 de junho de 2017.
Uma vez aprovado, seguindo a legislação vigente, uma outra concessionária ficará definida em novo leilão que será lançado pelo governo federal. Até o final desse processo, o RIOgaleão permanecerá responsável pela operação do aeroporto.
Desde que assumiu em 2014, o RIOgaleão ampliou a capacidade do aeroporto e aprimorou sua operação. Com um investimento de R$ 2,6 bilhões, construiu um novo píer (extensão do Terminal 2) e proporcionou melhorias fundamentais ao serviço em tempo recorde para os Jogos Olímpicos Rio 2016.
No entanto, o Brasil sofreu uma profunda recessão econômica de 2014 ao início de 2016, quando o PIB encolheu aproximadamente 3,5% a.a em dois anos consecutivos. Além disso, a queda na demanda global por commodities provocou um fraco crescimento econômico do país durante a fase de pós-recessão, período em que o tráfego total de passageiros no país caiu cerca de 7%.
Já em 2020, quando o setor aéreo mal havia se recuperado ao nível de 2013, a pandemia de Covid-19 provocou uma queda de 90% do número de voos no Brasil e enfraqueceu ainda mais as condições de operação do aeroporto.
Em 2020 e 2021, o governo federal atuou de forma diligente no apoio ao setor de aviação civil. A recuperação, no entanto, foi lenta e o Covid-19 continuará afetando a indústria da aviação nos próximos anos.
O RIOgaleão continuará mantendo os padrões de segurança e qualidade na operação aeroportuária e honrará os compromissos e contratos com seus funcionários, credores, lojistas e fornecedores ao longo de todo o processo de relicitação.
O GIG foi o aeroporto anfitrião dos Jogos Olímpicos de 2016, com grandes melhorias em suas ofertas comerciais, incluindo novos lounges e a introdução das primeiras lojas duty-free “walking trhu” do Brasil. O aeroporto foi amplamente reconhecido pelos viajantes e pela opinião pública por suas operações aeroportuárias eficientes e pela qualidade dos serviços oferecidos.
A excelência operacional do aeroporto também foi reconhecida pela ANAC e por players do setor. O RIOgaleão alcançou as melhores pontuações em pesquisas anuais de serviço operacional e de passageiros e recebeu vários prêmios de empresas de credenciamento de aviação, como OAG, Skytrax e Airports Council International. Durante a pandemia, o aeroporto também foi o primeiro do Brasil a ganhar o selo do World Travel & Tourism Council por suas medidas para proteger a segurança dos passageiros e da comunidade aeroportuária.
O GIG também fez avanços significativos em suas operações de carga. Em 2017, tornou-se o primeiro aeroporto da América do Sul a conquistar a certificação CEIV Pharma concedida pela IATA. Isso posicionou o GIG como um importante parceiro logístico na cadeia de suprimentos farmacêuticos e a principal porta de entrada desse tipo de produto na América Latina.
O aeroporto passou a oferecer um armazém logístico de 8.000 metros quadrados de grau ‘A’, consolidando ainda mais sua posição como um importante centro de carga. Pioneiro no Brasil, o armazém atende a logística de importação e exportação em um só lugar, com maior nível de segurança e menor tempo de processamento. Até 2019, o Aeroporto Internacional Tom Jobim havia aumentado significativamente sua participação no mercado de mercadorias importadas com destino ao estado do Rio de Janeiro, ante 67% em 2013, antes da privatização.
Via RIOgaleão.